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Tomar ou não suplemento alimentar? Eis a questão

Joguei a palavra “suplemento” no dicionário: ‘aquilo que supre alguma falta’ e ‘o que se acrescenta a um todo para aperfeiçoá-lo’

A ideia de escrever sobre suplemento começou com um tímido título (pobre editorialmente, confesso) “mitos e verdades sobre suplemento alimentar”. Talvez fosse até um título clickbait, mas se você quer saber qual suplemento serve para quê, basta ir no Google. Caso queira ir mais profundo no tema, vale o site da Anvisa para vasculhar melhor quais suplementos o órgão reconhece com o selo “esse funciona mesmo!”.

Uma colega nutricionista, no final de sua consulta pergunta para os pacientes: “Tudo bem para você tomar suplemento?”. Essa pergunta vai muito além da condição financeira da pessoa. Ela faz a pergunta quase com um quê de timidez, como se estivesse sugerindo que a pessoa usasse algo ilícito. Mas esse modus operandi da minha colega nutricionista tem um motivo: a idiossincrasia que a expressão “suplemento alimentar” causa nas pessoas.

Muito comum (se estivesse escrevendo para uma amiga no zap, colocaria muitas vezes a letra u para enfatizar!) falarmos de suplemento alimentar e o público associar imediatamente com “bomba”. Taí o primeiro mito a ser desmascarado: suplemento alimentar, como o próprio nome diz, vem de alimento. Uma parte isolada e bastante concentrada de um alimento que tem efeitos benéficos para a saúde. Exemplo fácil de digerir? Vitamina C. Tem na laranja, na acerola. E tem isolado na pastilha efervescente da farmácia. Se é igual ou não, é assunto para as salas de aula. “Bomba” (sic) é um medicamento, nada a ver com suplemento e está no âmbito dos médicos. E se faz bem ou não também é assunto para um curso de medicina.

O papo do “só como natural” é muito lindo. Eu adoraria poder fazer feira toda quarta e sábado, ter brócolis verdinhos na hora do almoço, acompanhado pela tilapia que o Moacir da barraca de peixe filou para mim, minutos antes de eu preparar. E aposto que você também. Mas a vida não é assim. Na primeira coluna do ano falei sobre o planejamento que se deve ter ao iniciar uma dieta. Fácil não é. Não é sempre que dá para comer o alfabeto inteiro de vitaminas, a quantidade exata de proteínas – esse certamente será assunto de uma próxima coluna – vivendo no mundo do corre-corre. E daí lanço a pergunta: vale incluir um suplemento?

Joguei a palavra “suplemento” no dicionário: ‘aquilo que supre alguma falta’ e ‘o que se acrescenta a um todo para aperfeiçoá-lo’. Aperfeiçoar não é trocar. Sim, aqui faço uma crítica a shakes que substituem refeições. É preciso morder. É preciso ver o que se está levando à boca. Suplementos não são substituições. São aquele plus. Aquele ômega 3 que seu cérebro precisa para funcionar melhor (DHA precisamos de você!) e não vem do peixe porque você não curte. Aquele whey protein que seu avô que não caminha mais precisa para não perder mais músculos (pílula rápida aqui: whey é comprovadamente muito mais eficaz em pessoas que estão em livre queda de massa muscular do que indivíduos mais jovens). E, sim, o atleta de alto rendimento que humanamente não conseguiria ingerir os nutrientes necessários, só nos alimentos, para evitar lesões.

Me perdoe se você esperava um veredicto. Eu não tenho. Talvez eu tivesse se você estivesse no meu consultório, confessando como que para um padre suas loucuras alimentares. Daí, talvez eu abrisse meu armário e dissesse: tenho algo bom para você…

Fonte: Exame

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